17 de junho de 2011

A AGUERRA DO PARAGUAI

SOBRE A GUERRA DO PARAGUAI
“A política do Império do Brasil em relação ao Paraguai buscou alcançar três objetivos. O primeiro deles foi o de obter a livre navegação do rio Paraguai, de modo a garantir a comunicação marítimo-fluvial da província de Mato Grosso com o restante do Brasil. O segundo objetivo foi o de buscar estabelecer um tratado delimitando as fronteiras com o país guarani, de modo a ratificar pelo direito internacional a expansão territorial brasileira ocorrida desde o período colonial. Por último, um objetivo permanente do Império até seu fim em 1889, foi o de procurar conter a influência argentina sobre o Paraguai, a partir da convicção de que Buenos Aires ambicionava ser o centro de um Estado que abrangesse o território do antigo vice-reino do Rio da Prata, incorporando o Paraguai.
A política brasileira para atingir esses objetivos foi implementada a partir da segunda metade da década de 1840. Nesse momento, alcançada a unidade interna e consolidado o Estado monárquico centralizado, criaram-se as condições para o Império dedicar-se a assuntos externos e, mais especificamente, ao Rio da Prata [...]”
Por outro lado, “a história do Paraguai esteve intimamente ligada ao Brasil e à Argentina, principais pólos do subsistema de relações internacionais. O isoladamente paraguaio, até a década de 1840, bem como sua abertura e inserção internacional se explicam, em grande parte, pela situação política platina. Nos anos seguintes a essa abertura, o Paraguai teve boas relações com o Império do Brasil e manteve-se afastado da Confederação argentina, da qual se aproximara nos anos de 1850, ao mesmo tempo em que vivia momentos de tensão com o Rio de Janeiro. Na primeira metade da década de 1860, o governo paraguaio, presidido por Francisco Solano López, buscou ter participação ativa nos acontecimentos platinos, apoiando o governo uruguaio hostilizado pela Argentina e pelo Império. Desse modo, o Paraguai entrou em rota de colisão com seus dois maiores vizinhos e Solano López acabou por ordenar a invasão do Mato Grosso e Corrientes e iniciou uma guerra que se estenderia por cinco anos. A Guerra do Paraguai foi, na verdade, resultado do processo de construção dos Estados nacionais no Rio da Prata e, ao mesmo tempo, marco nas suas consolidações”.
“No período entre o início da guerra e até 18 de agosto de 1869 o número oficial de perdas, dado pelo governo imperial em 1870, foi de 23917 soldados, dos quais 4332 mortos, 18597 feridos e 988 desaparecidos. Para o general Tasso Fragoso, esses números são inaceitavelmente baixos, enquanto a História do Exército brasileiro, publicada em século depois, em 1972, pelo Estado-Maior do Exército afirma que 33 mil brasileiros morreram no Paraguai. Dionísio Cerqueira vai mais longe e afirma, em evidente exagero, que morreram no Paraguai 100 mil brasileiros. Vera Blinn Reger, após ressalvar não ter estudado detalhadamente a questão acredita ser exagerado o número de 100 mil brasileiros enviados à guerra e questiona o fato de que a mortandade tenha sido alta. As memórias e cartas dos combatentes de diferentes nacionalidades, as notícias em jornais da época, bem como a duração e as condições da guerra e o número de soldados que o Império enviou para nela lutarem, são elementos que permitem concluir ser mais provável o número de 50 mil mortos brasileiros, citado pelo visconde de Ouro Preto, e de mil inválidos.
Embora traumática, a guerra foi o ápice da “obra de unificação” do Brasil, ao conjugar energias de todo o país para vencê-la. No início do conflito, voluntários se apresentaram em todas as regiões do país; o imperador teve sua imagem fortalecida e o hino nacional e a bandeira foram incorporados ao cotidiano dos grandes centros urbanos, por meio de festejos cívicos, nas comemorações de vitórias ou nas cerimônias de partida das tropas. Enfim, tornou-se fator de fortalecimento da identidade nacional brasileira a existência do inimigo que, segundo o discurso da época, era apenas Solano López, pois também o povo paraguaio era vítima deste. No Sul, o Rio Grande, província vista como problemática pelo governo central brasileiro, não só incorporou-se ao esforço nacional com sua cavalaria, como foi, talvez, a província mais beneficiada financeiramente, graças ao fornecimento de suprimentos para o teatro de guerra. Outra conseqüência da guerra foi que o Paraguai deixou de representar uma ameaça em relação a Mato Grosso e, ao ser derrotado, teve de aceitar os limites que o Império pleiteava, bem como garantir a livre navegação de seus rios internacionais pelas embarcações brasileiras.
No aspecto financeiro há duas estimativas diferentes acerca do custo do conflito para o Brasil. A primeira, elaborada pela comissão do Ministério da Fazenda encarregada de estipular as compensações de guerra a serem pagas pelo Paraguai, indicou a quantia de 460718 contos de réis [...] O Tesouro Real indicou um gasto de 614 mil contos de réis [...]
Para se ter uma idéia da magnitude desses gastos, basta comparar com o orçamento do Império para 1864, que era de 57 mil contos de réis. Os gastos com o Ministério da Guerra, no orçamento do Império, saltaram de 21,94%, em 1864, para o auge de 49,56% em 1865 e, nos demais anos, mantiveram-se porcentagens acima de 41%. O conflito custou, pois, ao Brasil, quase onze anos do orçamento público anual, em valores de pré-guerra, o que permite compreender melhor o persistente “déficit” público nas décadas de 1870 e 1880 [..]"

(DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: Nova história da Guerra do Paraguai)

15 de junho de 2011

CARTA PARA O GOVERNADOR MACELO DEDA

REPASSANDO.....
REPASSEM TAMBÉM.

“Exmo.. Senhor Governador Marcelo Deda,

Espero que esta carta chegue a suas mãos.
Lembro-me, quando criança, na década de 80, ouvir seu nome diversas vezes por um primo que hoje não mais se encontra morando em Aracaju.
Lembro-me da alegria dele em ser um militante dos Partidos dos Trabalhadores, se não militante, no mínimo um fã de carteirinha, digamos assim, dos ideais seguidos pelos “vermelhos revolucionários”. Quando o Exmo. começou a galgar os primeiros cargos políticos, como Deputado, eu começava a interessar-me por politica, não como politico, mas como cidadão bem informado e educado.
Lembro-me que as pessoas estavam cansadas dos mandos e desmandos das antigas oligarquias de Sergipe, representadas pelos Alves e Francos. No entanto, via crescer um homem que tinha se tornado um símbolo de esperança para esse povo sofrido, porém trabalhador, feliz e honesto. Os trabalhadores, principalmente os professores, estavam demasiadamente humilhados pelos que sempre se alternavam no poder. Todavia, tínhamos a esperança, você! O “herói” daqueles que tinham a certeza de que sua chegada ao poder executivo acabaria como você mesmo gostava de dizer, com a mesmice.
Lembro-me que ao ganhar pra prefeito de Aracaju alguns colegas mais velhos choraram emocionados, como que pensassem: finalmente o proletariado governará a capital Sergipana. Lembro-me de um colega, que lecionou a sua filha, em uma das melhores escolas particulares do Estado, afinal ela não poderia estudar em escola pública, pois as escolas dessa época não poderiam fornecer a educação de qualidade que ela merecia, visto que os Alves e os Francos nunca se preocuparam com a Educação do povo sergipano.
Sim, mas voltando ao meu colega... Este chegou a chorar, pois devido ter a sua mesma idade, acompanhou de perto sua ascensão. Chegou a dizer: teremos o melhor prefeito, o melhor governador, e quem sabe o melhor presidente desse país. Ingênuo?!... Nós fomos!... Você pode se tornar tudo isso, mas não para os que sempre te apoiaram os trabalhadores, principalmente os da rede pública, pois foste eleito com os votos deles e de seus familiares.
Ao chegar à prefeitura tivestes até um primeiro mandato razoável, porém como que dominado pela sede de poder, começou a mudar. Aliou-se a quem antes criticava e combatia, ao ponto de ter como vice-governador um dos políticos com a ficha mais suja desse país. Realmente você acabou com a mesmice!
Sou professor e hoje me sinto mais humilhado do que na época de João Alves e Albano Franco, pois que destes tudo de ruim esperava, mas não de um guerreiro que sempre esteve do nosso lado. De um inimigo tudo esperamos, mas de um amigo de luta jamais esperamos uma traição. É assim que nós funcionários públicos, principalmente nós professores do Estado de Sergipe, estamos nos sentindo. Humilhados, mendigando uns mil e poucos contos como salario base, com todos os nossos direitos adquiridos em anos de luta, afinal, de todos os funcionários públicos somos os que possuem o menor salário. Mas pra que um professor ganhar como um delegado, promotor, médico, juiz? Afinal, qualquer país de primeiro mundo cresceu sem investir em educação, pagando mal aos seus professores e sem dar condições dignas de trabalho, não é verdade? Além disso, os filhos da elite não frequentam essas escolas!
Já ouvir dizer que você entrará para história desse Estado, como uma junção de Judas e Jesus Cristo. Judas por trair os trabalhadores e Cristo por conseguir ressuscitar João. Espero que isso não se torne realidade.
Os que vão ler essa carta podem achar que sou sem malícia, louco ou otário, mas ainda tenho esperança de que você vai rever seus conceitos, deixar a arrogância e a prepotência de lado, rever seu passado triunfante, olhar para os que verdadeiramente te apoiaram, não esses que hoje são aliados politicamente, mas aqueles que iam as urnas com lágrimas no coração e fé na alma, dar um voto de confiança naquele que poderia mudar o rumo dessa história. Mudar para melhor!
Você ainda pode fazer isso, há tempo! Não se torne mais um Alves, mais um Franco, pois nestes jamais votarei, porque passei anos sentindo o gosto do fel, mas também não poderei jamais acreditar em você ou naqueles que se dizem seus aliados de luta e que nos apunhalam pelas costas.
Gostaria de entender o que faz uma pessoa mudar tanto e desdenhar seus ideais de luta. Termino parafraseando Jesus:
Déda, por que nos abandonastes?”